
Num mundo cada vez mais automatizado e imediato, porquê amamentar e porquê dar valor à saúde natural?
Certamente já te passou pela ideia questionar isto também, embora sejam cada vez mais conhecidos e evidentes todos os benefícios da amamentação para os bebés e as suas mães, é ainda grande parte desconhecido e poderemos facilmente questionar a necessidade, havendo hoje em dia tantas alternativas no mercado, tantas vezes também sugeridas por profissionais de saúde.
Mas será mesmo assim? O leite de fórmula será realmente um substituto do leite materno, no verdadeiro sentido?
Em primeiro lugar, quero reforçar que as chamadas fórmulas de leite adaptado evoluíram muito desde o início da introdução de outro tipo de leites, que não o materno, para amamentar bebés. Foi no século XIX que esta prática começou a ser mais difundida. Havendo necessidade de amamentar um bebé, seria muito comum que este fosse amamentado por outra mulher a amamentar que não a sua Mãe, por indisponibilidade desta. As chamadas “amas de leite”, permitiam assim o cuidado e a sobrevivência dos bebés, quando a amamentação por parte da sua progenitora não era possível.
Mais tarde, e havendo disponibilidade económica, as mulheres recusavam-se a amamentar os seus filhos, sendo a amamentação de substituição entendida como uma forma de riqueza e status. Mas também havia muitos casos em que os bebés simplesmente morriam de fome, pela impossibilidade em serem amamentados pelas suas mães, e assim o chamado “leite de fórmula” permitiu a sobrevivência e a redução da morte de muitos bebés na primeira infância. Ainda assim, foi necessário um longo caminho para que tal se verificasse, dado que os maus hábitos de higiene e dificuldade de acesso a água potável condicionavam também esta sobrevivência.
No final do século XIX foram criados biberons e bicos de silicone que permitiam ser esterilizados, coincidindo com a criação da fórmula de Liebig, em 1860, composta leite de vaca, farinha de malte, farinha de trigo e bicarbonato de potássio. Cerca de 20 anos depois, em 1883, havia 27 leites de fórmula no mercado.
Ao longo da história, o leite de fórmula passou por fases em que era entendido como um super alimento, prático e que permitia a independência da mulher (podendo o seu filho ser amamentado por qualquer pessoa) como por fases menos boas, com escândalos sobre contaminação ou adulteração propositada do produto, por parte dos fabricantes, com vista a um maior lucro.
Assim, decidindo em consciência e com o apoio dos profissionais de saúde, podendo sempre contar com o apoio de uma Conselheira de Aleitamento Materno, as Mães (e os Pais!), as Famílias em geral, têm hoje muitas opções e informação para decidir em consciência, não só das necessidades do bebé como da própria Mãe.
Hoje estou aqui para mostrar (e reforçar) todos os benefícios da amamentação.
Segundo a OMS, 98% das mulheres, fisiologicamente, são capazes de amamentar!
Ainda que para algumas mulheres e bebés possa ser mais desafiante a jornada da amamentação é, na grande maioria das vezes, possível a amamentação em exclusivo até pelo menos aos 6 meses de vida do bebé, tal como recomendado pela Organização Mundial de Saúde (e esta recomendação não se esgota, como muitas vezes nos fazem crer, em países de terceiro mundo!).
E quais os benefícios?
💧Amamentar é Prático. Há lá coisa mais simples e imediata que tirar a mama e disponibilizar, no mesmo minuto, ao bebé, a qualquer hora e em qualquer lugar?
💧Amamentar é Barato. Bem sei que em certas épocas na nossa história e culturas amamentar era considerado um sinal de pobreza. Mas não fará mais sentido aproveitar o que a Natureza e o nosso corpo melhor pode dar aos bebés, e poupar todo o dinheiro que iria gastar de forma directa em leite de fórmula (e toda a tralha associada como biberons, tetinas, esterilizadores, escovilhões, etc.) e de forma indirecta (como cuidados básicos de saúde, considerando que terá menor incidência de risco de doença) em algo essencial para a família, umas férias ou até uma poupança para o bebé? Um estudo recente indica uma poupança mínima de cerca de 1500€, isto se o leite adaptado for normal. Caso a criança possua alguma alergia ou intolerância, as famílias podem gastar perto de 500€ por mês.
💧Amamentar é Higiénico. Não há necessidade de lavar, esterilizar, ferver água, ou correr riscos relacionados com segurança alimentar se tal não for feito. Amamentar directamente do peito, permite reduzir ao máximo os riscos associados com higiene e segurança alimentar dos bebés.
💧Amamentar é Ecológico. Não há necessidade de produção de componentes, processamento, embalamento, transporte, desperdício ou encaminhamento final de resíduos.
💧Amamentar é sempre à Temperatura certa. O leite materno sai sempre à temperatura certa para o bebé 😊 não há risco de estar frio, ou quente!
💧Amamentar garante os Componentes certos. Como gordura, proteína, vitaminas, minerais essenciais e anticorpos adaptados à idade e necessidades do bebé, hora a hora, dia a dia.
💧Amamentar não gera Desperdício. Caso seja feita recolha de leite materno, pode ser usado para alimentar o bebé mais tarde, doação, usado em papas ou até no banho!
…e poderia continuar!
Amamentar é benéfico para a Mãe, para o bebé, para a sociedade e para o planeta!
A análise bioquímica ao leite materno comprova que é composto por um conjunto químico e celular, com diferentes funções: entre os macronutrientes mais importantes estão os açúcares – como a lactose e os oligossacáridos, as gorduras – triglicerídeos, colesterol e os fosfolípidos, proteínas – caseína e alfa-lactalbumina, os minerais e oligoelementos – potássio, magnésio, sódio, cálcio e ferro.
A nível científico está comprovado que a amamentação beneficia o bebé em:
💧Melhor desenvolvimento físico: A sucção da mama estimula o desenvolvimento adequado dos músculos da boca e da mandíbula do bebé, ajudando na mastigação e na fala mais tarde;
💧Proteção contra doenças: O leite materno contém anticorpos que ajudam a fortalecer o sistema imunitário do bebé, protegendo-o contra uma variedade de doenças e infecções. Estudos científicos comprovam que tanto em bebés amamentandos em países em vias de desenvolvimento ou em países desenvolvidos os bebés amamentados têm menor probabilidade de desenvolver várias doenças agudas, como gastroenterites, infecções urinárias, pneuomias, otites, entre outras, mas também menos doenças crónicas (como a obesidade, doenças do sistema imunitário, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e cancro). Sabemos hoje que o leite materno é muito rico num conjunto diversificado de agentes com atividade antimicrobiana: as imunoglobulinas (IgA e IgG) promovem a transmissão da imunidade da mãe para o bebé, melhorando a capacidade do bebé em combater os agentes patogénicos. A lactoferrina e a lisozima atuam diretamente contra as bactérias, eliminando-as. Lípidos actuam como purificadores matando vírus, bactérias e alguns parasitas como Giardia. Assim como açúcares promovem o crescimento dos microrganismos que vivem no intestino humano, como as Bifidobacterias e os Lactobacillus que nos protegem dos microrganismos patogénicos. Além de todas estas substâncias de defesa, o leite materno possui ainda glóbulos brancos, que tal como no adulto têm um papel fundamental na defesa contra os agentes patogénicos.
💧Melhor digestão: O leite materno é mais facilmente digerido pelo sistema digestivo imaturo do bebé em comparação com o leite artificial. Isso significa que o bebé tem menos probabilidade de ter problemas como cólicas, prisão de ventre e refluxo. Para além disso, os macronutrientes presentes no leite materno, como o cortisol, insulina e hormonas tiroideias, promovem o desenvolvimento do tubo digestivo do recém nascido, e os mediadores gastrointestinais que promovem a sua motilidade.
💧Benefícios cognitivos: Estudos mostram que a amamentação está associada a melhores resultados cognitivos e de desenvolvimento neurológico, visual e auditivo.
💧Vínculo emocional: A amamentação promove um forte vínculo emocional entre a mãe e o bebê. O contato pele a pele, o olhar nos olhos e o toque durante a amamentação ajudam a fortalecer o relacionamento afetivo e promovem a sensação de segurança e conforto para o bebê.
Mas também para a Mãe, estão comprovados uma série de benefícios da amamentação:
💧Recuperação pós-parto: A amamentação ajuda o útero a contrarir mais rapidamente após o parto, reduzindo o risco de hemorragia pós-parto. Além disso, a amamentação estimula a libertação de ocitocina, que ajuda o útero a retornar ao seu tamanho normal mais rapidamente.
💧Redução do risco de doenças: Estudos mostram que as mães que amamentam têm um menor risco de desenvolver doenças como cancro de mama, cancro de ovário e diabetes tipo 2. A amamentação também ajuda a diminuir o risco de osteoporose mais tarde na vida.
💧Benefícios psicológicos: A amamentação promove uma sensação de realização e satisfação emocional para as mães. O acto de amamentar liberta hormonas, como a ocitocina e a prolactina, que estão associados a sentimentos de calma, relaxamento e bem-estar.
💧Perda de peso: a mãe perde peso mais rapidamente, comparativamente com uma mãe que não amamenta, especialmente se amamentar após os 3 meses de vida do bebé, em consequência da energia necessária para a produção de leite.
💧Efeito inibidor da fertilidade: amamentando em livre demanda, dia e noite e nos primeiros 6 meses de vida do bebé, prolonga-se a inibição da ovulação, podendo ser considerado um contraceptivo natural.
E para além da amamentação, que importância terá uma saúde mais natural e quais os benefícios da aromaterapia para mães que amamentam e bebês amamentados?
Uma abordagem de saúde mais natural valoriza a utilização de métodos e recursos naturais para promover o bem-estar físico e emocional. Considera-se por isso incluir práticas como uma alimentação equilibrada, atividade física regular, redução de stress, melhoria da qualidade de sono e apoio com o uso de terapias complementares, como a aromaterapia.
A aromaterapia envolve o uso de óleos essenciais derivados de plantas para promover a saúde e o bem-estar.
Quando usados corretamente e de forma segura, os óleos essenciais podem ter efeitos benéficos para mães que amamentam e bebés amamentados, como:
🌿Relaxamento e redução do stress: Certos óleos essenciais, como lavanda e camomila, têm propriedades relaxantes e podem ajudar a reduzir a ansiedade e o stress tanto para a mãe quanto para o bebé. Tal pode contribuir para uma experiência de amamentação mais tranquila e prazerosa.
🌿Alívio de desconfortos físicos: Alguns óleos essenciais, como limão e gengibre, podem ajudar a aliviar dores de cabeça, náuseas e desconfortos relacionados com a amamentação, como ingurgitamento mamário e mastite, e ainda nas cólicas do bebé, com o uso de lavanda. No entanto, é importante consultar um aromaterapeuta certificado para obter orientações adequadas sobre o uso desses óleos e sua dosagem durante a amamentação.
🌿Estimulação da lactação: Alguns óleos essenciais têm propriedades galactagogas, podendo ajudar a estimular a produção de leite materno. É no entanto fundamental a orientação profissional antes de usar esses óleos para evitar efeitos indesejados.
Reforço que a escolha do óleo essencial assim como a dosagem adequada são imprescindíveis no uso seguro durante a amamentação. Nem todos os óleos essenciais são seguros para uso durante esse período, e alguns podem ser prejudiciais para a mãe lactante e o bebé.
Desta forma, é altamente recomendável procurar orientação de um aromaterapeuta e garantir que os óleos utilizados sejam de alta qualidade e próprios para uso terapêutico.
Em qualquer caso, é essencial que as mães discutam suas opções de cuidados de saúde com profissionais de saúde qualificados e tomem decisões informadas com base nas suas necessidades individuais.
Tens dúvidas sobre estes temas? Queres saber mais? Contacta-me 🙂
irina.antunes@inama.pt